com estilo, sem perder a CABEÇA
Sim, eu sou a noiva de kimono da direita – linda, serena, parecendo atriz de dorama coreano.
Casei três vezes com o mesmo caramba . Pois é.
Primeira vez em Londres (onde estudávamos), outra no Brasil (por causa do visto, porque amor mesmo, né?),
E a terceira no Japão, só pra agradar à sogra que queria mandar um álbum pro meu pai.
Resumo da ópera: um casamento trilíngue e uma paciência bilíngue.
A fuga do noivo e o cigarro eterno
Um belo dia, o príncipe oriental resolveu ir comprar cigarro e… nunca mais voltou.
Clássico, né? Encontrou uma “japonesa de verdade” e desapareceu.
Eu, com uma filha no colo e uma avalanche de frustração, percebi que minha vida tinha virado um drama da NHK.
Mas, como boa brasileira com sangue latino fervendo, fiz o que a gente faz de melhor:
Chorei, xinguei e segui em frente. FUI!
Na marra, virei mãe solo num país onde até o cachorro entende japonês melhor que você.
A boneca e eu , duas quebradas de sorte
No meio disso tudo, havia minha bonequinha japonesa
A única coisa que ganhei na sorte, numa rifa da escola.
Linda, delicada, equilibrada… até o dia em que, na mudança, ela caiu e quebrou a cabeça.
Olhei pra ela, olhei pra mim e pensei: “Tá vendo? Estamos iguais.”
Ambas quebradas, mas ainda em pé , com fita adesiva, maquiagem e dignidade.
Engraçado como o universo tem humor negro.
A boneca virou o espelho do que eu estava vivendo:
Frágil, cabeça rachada, mas insistindo em continuar bonita.
O que ficou
Anos depois, entendi: recomeçar dói, sim.
A gente perde, se quebra, se refaz e aprende a rir da própria tragédia.
A boneca quebrada ficou guardada num canto, e cada vez que eu a vejo,
lembro que algumas rachaduras são só a prova de que a gente sobreviveu.
Moral da história:
Nem todo mundo que vai comprar cigarro volta.
Mas quem fica, mesmo rachada , pode se tornar algo muito mais bonito: real.
Marcia Sanae💗
Desencalhada 50+
(“Porque desencalhar depois dos 50 é ma-ra-vi-lho-so)